Redefinir a beleza
Superar os desafios da imagem corporal como jovem sobrevivente de cancro
Introdução
O diagnóstico de cancro tem um impacto significativo na vida dos jovens, estes que ainda se encontram nas etapas iniciais do seu desenvolvimento físico e emocional. Para além de enfrentarem a doença, confrontam-se com desafios a nível da imagem corporal. No entanto, com resiliência e apoio, podem corajosamente redefinir a beleza e abraçar os seus percursos singulares.
Compreender a imagem corporal
O conceito de imagem corporal engloba a perceção, pensamentos e sentimentos sobre a sua aparência física, incluindo dimensões como o tamanho, a forma e a aparência geral. A imagem corporal é uma construção multifacetada e que pode ser influenciada por fatores culturais, sociais e psicológicos. [1] Para os jovens sobreviventes de cancro, a experiência de lutar contra o cancro e de se submeter a tratamentos conduz frequentemente a alterações físicas que podem ter um impacto significativo na definição da sua imagem corporal. [2,3,4]
Alterações da aparência física e auto perceção
As alterações físicas resultantes dos tratamentos contra o cancro, como a queda de cabelo, as cicatrizes e as flutuações de peso, afetam grandemente a auto perceção dos jovens sobreviventes de cancro. [2,3,4] Estas alterações são particularmente difíceis, na medida em que a aparência e a auto aceitação têm um valor significativo durante esta fase da vida. Os sobreviventes anseiam por restaurar a sua aparência anterior, procurando uma sensação de normalidade, mas podem sentir sofrimento emocional, vergonha e uma sensação de perda de identidade. [2,5]
Dificuldades emocionais e imagem corporal
Os jovens sobreviventes de cancro podem experienciar uma grande diversidade de emoções relacionadas com a alteração da sua imagem. Podem sentir-se inseguros, alheados ou ansiosos em relação à forma como os outros os veem [2]. A pressão para se adequarmos aos padrões de beleza da sociedade pode intensificar emoções negativas. Muitos jovens sobreviventes de cancro têm dificuldade em se adaptar aos seus novos corpos e enfrentam dificuldades em aceitar-se tal como são. [2,4,6]
Redefinir os padrões de beleza
Jovens sobreviventes de cancro desafiam os padrões de beleza estreitos da sociedade, partilhando as suas histórias e abraçando as suas cicatrizes. [7] As teóricas feministas exploram a forma como as mulheres sobreviventes de cancro aceitam as sequelas físicas, desafiando as conceções convencionais acerca das consequências estéticas dos tratamentos contra o cancro (por exemplo, queda de cabelo e perda de partes do corpo), como trágicos ou a necessitar de correção. Em vez disso, dão ênfase a narrativas de poder e à capacidade do corpo feminino. [8,9] Por último, a prática de atividade física e/ou de desporto ajuda a melhorar a imagem corporal, promovendo a aceitação, o equilíbrio físico e uma ligação mais forte com o próprio corpo. [2]
A sensibilização para a positividade da relação com o corpo quebra os estereótipos sociais e promove uma cultura de aceitação. Ao fomentar uma cultura que celebra a diversidade e promove o amor-próprio [8,9], os jovens sobreviventes de cancro podem ser melhor acompanhados nesta fase da sua vida, após o tratamento, e na promoção de uma imagem corporal positiva. [2,4]
Autor: Maria Vasilopoulou - UPATRAS
Referências:
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